Escrita cursiva

A escrita tradicional ajuda o desenvolvimento mental infantil, em especial na capacidade de abstração. Isso porque a criança precisa conseguir perceber que um “a” é sempre um “a”, independentemente da letra ou da fonte utilizada. Esse é o resultado de um estudo publicado na revista científica Trends in Neuroscience and Education.

Outro artigo, publicado na revista Psychological Science, mostrou que alunos de universidades que anotavam o conteúdo de palestras à mão retiveram mais da aula do que os que usaram notebooks. Ao anotar à mão, o aluno precisa reorganizar os dados da aula com sua própria lógica, o que o ajuda a entender melhor o que o professor está explicando.

A escrita cursiva é uma forma de desenho que ajuda no processo da leitura e carrega um componente muito forte de identidade, explica Elvira Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano com formação em neurociência, psicologia, antropologia e música. “Além de ser mais sofisticada, do ponto de vista antropológico, ela faz com que o cérebro se reorganize para ler e escrever com significado, promovendo os melhores resultados de formação de redes neuronais integradas das várias áreas do cérebro. Afastar a cursiva do aprendizado, priorizando a digitação, interfere negativamente no desenvolvimento infantil.”

E mais: “Escrever à mão ativa uma área de recompensa no cérebro e ajuda a fazer memória de longa duração, porque usa ferramentas de leitura e de busca para escrever a palavra, formar a sentença e dar um sentido a ela. Escrever é uma das coisas que mais mantêm a química da memória circulando no cérebro”.

Extraído e adaptado da revista Vida Simples, novembro de 2015, e do jornal Folha de S. Paulo de 8 de julho de 2014.